terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pictokama

São adesivos, stickers e apresentam desenhos elaborados com nanquim e vetorizados digitalmente. Apropriação de signos encontrados no espaço urbano (pictogramas), com mesmo padrão de forma e as mesmas cores. Reconfiguração dos bonecos de sinalização (masculino e feminino) em poses sexuais baseadas em posições do Kamasutra.

Em ações artísticas pela cidade de Salvador estes adesivos são restituídos ao local de origem, espaços públicos e privados num movimento de reversibilidade, deslocamento e resignificação, afixados ao lado ou próximo de outros símbolos já conhecidos e legitimados, para de algum modo intentar promover um deslocamento da leitura habitual dos signos já aceitos e incorporados no cotidiano.

Sendo que o signo conhecido (o boneco de sinalização) é um símbolo para determinar nos espaços as posições e movimentos do corpo humano, como e onde o corpo do individuo pode ser/estar em determinados ambientes, normas de comportamento, regras que ditam uma postura e um movimento para o corpo nestes lugares. Indicam, sugerem, induzem não somente um posicionamento e movimento, mas deflagram um processo de subjetivação, entendendo esta como um “agenciamento de enunciação”, onde o corpo é constituído pelo discurso, tornando-se um produto construído socialmente maleável e instável.

A forma dos bonecos neste trabalho não apresenta um corpo realístico, não há elementos que configurem estas figuras como corpos sensuais, na sua anatomia não há dados que distinga seus órgãos sexuais, sua genitália. É um corpo nu que, no entanto não se observa sua nudez. Estas imagens trazem em si uma obscenidade tradicional que se distingue da pornografia, conservam uma ausência, uma sedução, o que permite pensar sobre a potencialidade do corpo e as restrições as quais lhe são atravessadas em inúmeros espaços.

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